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Chuva de amor

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 26.11.08

Ainda estou meio sem chão com tudo que está acontecendo. A fúria anunciada da natureza trouxe uma realidade assustadora para dentro de nossos lares... casas soterradas... pessoas desabrigadas... mortes... desespero... miséria... o ser humano completamente indefeso frente as intempéries do tempo. Nunca a conseqüência de nosso descuido com o planeta esteve tão perto de nós.

A dor sempre é capaz de liberar dois sentimentos antagônicos: o primeiro é a solidariedade, esta maravilhosa e sólida onda, que envolve a todos indistintamente, independente de crença, nacionalidade ou raça. Temos acompanhado a movimentação, os donativos e preces de milhares de pessoas, bem como os trabalhos incessantes de voluntários, dispostos a atos heróicos para salvar a vida do próximo, em detrimento de seu próprio conforto ou mesmo segurança. Infelizmente, tais acontecimentos acabam aflorando também o pior dos sentimentos do ser humano... a malevolência! Pessoas que entram em casas já destruídas pelas chuvas, para saquear o pouco que ainda resta para famílias que sequer tem um pedaço de pão para alimentar-se.

Neste momento crítico da história catarinense, nos resta reafirmar nossa confiança em Deus. Acredito piamente que nada escapa de Seus olhos protetores. Nossa visão dos acontecimentos é muito limitada. Provavelmente, se pudéssemos olhar de cima, com os olhos do Pai, visualizaríamos seus desígnios, e a busca do bem maior em cada ato... Geralmente, o medo, a angústia, o desespero, nos remetem a um estado de desconfiança e revolta... acusamos a vida de ser injusta... nos sentimos desamparados... não vemos solução imediata, ou mesmo motivos para os eventos que nos atropelam. Claro... toda essa minha clareza e resignação também se deve ao fato de estar escrevendo esse texto no conforto da minha casa, longe das conseqüências físicas dessa desgraça toda. Mas, é impossível não ser arrebatada emocionalmente por essa nuvem de tristeza que trafega pela nossa bela Santa Catarina.

É justamente nesta hora, que, se deixarmos, sentiremos Deus mais perto de nós, nos confortando, e, principalmente, nos dando forças para caminhar e cumprir nossa missão... É nessa hora de fragilidade que conhecemos nossa verdadeira fé... É nessa hora que reconhecemos a face de Deus nos rostos desconhecidos que nos estendem a mão, em profunda solidariedade...

Faço minha as palavras do amigo Paulo Roberto Gaefke: "Somos uma aldeia gigantesca com seres humanos que apesar de diferenças de pele, de crença ou de ideologia, são filhos de um mesmo Pai, que manda um recado há séculos para os povos: Uni-vos e amai-vos uns aos outros enquanto podem caminhar juntos."

Nessas horas, em que a tristeza nos atropela, despimos as vestes da política, da religião, das crenças, da nacionalidade, das diferenças e vestimos a camisa da solidariedade, onde somos todos iguais: seres humanos, irresistivelmente imperfeitos, em busca da verdadeira felicidade!
Que Deus em sua infinita bondade, possa abrandar o coração daqueles que de forma direta ou indireta foram atropelados por essa tragédia...
Que a energia que emana de nossos corações em prece, possa atravessar fronteiras, e enlaçar nossos irmãos, que em qualquer parte do mundo jazem em seu sofrimento, lhes dando a certeza de que jamais estarão sozinhos em sua dor...
Que o sol possa voltar a brilhar não apenas no céu de nosso desespero, mas, principalmente, no nosso coração que bate em descompasso... tamanha a dor!



Solidariedade

1 Comments


Amiga querida e inspirada!

Como pode me fazer gargalhar num dia e chorar tanto em outro?

O texto é lindo e o vídeo, emocionante! Arrancou-me muitas lágrimas!

Abraço apertado,

Lu.

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