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Dualidade do amor

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 26.1.09

Fácil é amar no princípio da fantasia... quando tudo é novidade, surpresa e desafio... quando as qualidades do outro despontam no horizonte de nossos sonhos com seu brilho fugaz.
Difícil é amar quando o imaginário cedeu lugar à realidade...  quando o mofo da rotina ameaça o frescor do romantismo... quando os defeitos deram o ar de sua graça e adentraram imponentes no cenário do relacionamento.

Fácil é amar no meio da algazarra da paixão, onde olhares enamorados, carícias inesperadas e confissões derretidas inundam a paisagem dos corações.
Difícil é amar no silêncio... quando não há certeza se o amor enviado encontra eco no seu destino.

Fácil é amar flutuando, tocando as nuvens do devaneio.
Difícil é amar com os pés bem fincados no chão, de mãos dadas com a verdade e o respeito.

Fácil é amar quando um sorriso ilumina a face do outro, e podemos identificar cada traço daquele rosto que nos encanta.
Difícil é amar quando nuvens negras de sofrimento apagam o rastro dos lábios, extinguindo a luz do olhar, e deixando-nos a deriva num mar de sentimentos revoltos.

Fácil é amar um coração aberto, que despeja amor aos quatro cantos, que suplica por afagos, que transpira saudade e contentamento ao simples som de nossa voz.
Difícil é amar um coração fechado a sete chaves... perdido em sua própria dor... cravado de labirintos fatais... surdo a nossos apelos apaixonados.

Fácil é amar no verbo.
Difícil é amar na ação.

Fácil é amar nos encontros esparsados, onde cada minuto tende a ser aproveitado como o único, pois o reencontro é sempre incerto... onde o perfume exala dos poros, a roupa realça o melhor da forma, a maquiagem colore a face impecável e as máscaras embelezam os recônditos sombrios da personalidade.
Difícil é amar no cotidiano, onde declarações se misturam com o excesso de realidade que o ritmo tresloucado da vida imprime... onde o suor aniquila a doçura do aroma, o salto alto dá lugar à pantufa e as máscaras restam corroídas pelo detergente, sabão em pó e água sanitária.

Fácil é amar quando todas as setas apontam para um futuro seguro.
Difícil é amar quando as bifurcações da dúvida apagam qualquer vestígio do porvir.

Fácil é amar na presença, quando os corpos falam uma linguagem própria, dispensando palavras.
Difícil – e dolorido – é amar na ausência, quando o grito do silêncio machuca os ouvidos do espírito, e a falta de toque enrijece o coração.

Ah... o amor!
Tantos poetas se embriagaram em seu néctar...
Tantos corações foram arrasados por seus humores...
Tantos outros foram elevados por suas virtudes...
Em uns desperta o medo...
em outros, o gozo...
Namora em declarações escancaradas e silêncios reconfortantes... 
Se fortalece no comprometimento mútuo dos corações e na liberdade dos espíritos...
E assim vive...
de facilidades...
de dificuldades...
se alimentando da dualidade que se esconde na alma de cada um.

Não poderá jamais ser definido por meras palavras,
porque a mortalidade não o alcança...
muito pelo contrário...
o macula com sua definição de fim!

3 Comments


Lindo, lindo...
Ótimo post!
Bjus
Janini


Adorei o post !!!
E obrigada pela visita... deixo aqui um "cheirinho" de eucalipto especial para você !
Beijo,
Solange

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com


Oiiii,
"Crônica de um final feliz", mediante a sua autorização, foi publicada lá no meu espaço!!!
Fico no aguardo de encontrar aqui mais belos textos como este!!!
Bjus

Janini

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