5

Explosão...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 27.2.09

Algumas palavras me arrebatam
Absorvo o néctar de cada sílaba de forma pausada
Alimentando meus vazios
Aquecendo meus invernos...
E quando juntas, me nutrem a ponto de saciar a alma
Penetram minhas defesas
Arregaçam meus pensamentos
Quebram a minha razão em mil pedaços
Abrem as comportas da loucura
Alcançam locais que não enxergo a olho nu
E se alojam nas minhas entranhas
No limite exato onde a decência e a insanidade correm parelhas...
E ali se aconchegam silenciosas
Germinando no escuro dos meus devaneios
Alimentadas pelo sangue latente da minha inspiração
Martelando o universo dos meus sonhos
Rasgando as paredes dos meus dogmas...
E na ânsia de extravasarem em toda a sua plenitude
Restam limitadas por seu próprio abismo
Não podem gerar prosa e verso
Tamanha a sua imensidão...
Resignadas, seguem o caminho alternativo da emoção
E se deixam escorrer lentamente pelos meus olhos
Cravando um rastro de explosão na minha face
E desvanecendo no ar de meu sentimento...

7

Nota de rodapé...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 25.2.09


Era uma vez duas histórias de vida correndo paralelas. Cada qual com sua própria trama, palavras sonhadoras intercalando angústias, vírgulas de emoção dividindo desertos, pontos de exclamação lardeando fantasias. Perdida nas entrelinhas jazia a incessante busca por outro autor, disposto a firmar parceria e colorir com seus momentos a rotina das páginas amareladas pelo tédio da solidão.

De repente elas se encontram. Seus temas guardam harmonia e similitude. Os olhares se cruzam, os sinais disparam, os pulsos aceleram descompassados. Espíritos que se reconhecem, juras eternas lançadas ao vento, lábios que se saciam, corpos que ardem uníssonos. Dançam ao som do enamoramento e no altar do sentimento prometem escrever juntos
uma única história de amor, serem fiéis à gramática do coração, na saúde da semântica e na doença da forma, na riqueza do vocabulário e na pobreza da interpretação, respeitando a fragilidade do início e evitando o desgaste do fim.

Brindam essa nova fase com a taça do comprometimento, e guardam cada qual na gaveta secreta de seu ser, o encarte celibatário até então editado. Selam essa intenção com um volume novo, encadernado com o frescor das promessas, recheado de folhas em branco clamando para serem preenchidas a dois, com enredos variados, fecundidade de detalhes, memórias coloridas, comemorações gravadas em nanquim, emolduradas por fotografias eternizando paisagens afetivas.

Os anos galopam impiedosos, alheios a fogosidade da intenção, comprometendo severamente com seu trote rude, a altivez da concordância. Sujeito e predicado não mais dividem a mesma oração, sequer conjugam o verbo no tempo certo. Os capítulos passam a ser escritos de forma desconexa, marcados pela hipérbole da exasperação e pontos de interrogação precariamente articulados. Os personagens se perdem no idiomatismo deficiente, trocando farpas veladas, até caírem na vala comum do evitamento. Dão vazão aos seus próprios desatinos dividindo a mesma obra, mas, em títulos desenvolvidos separadamente, cada qual com protagonista, ritmo e direção específicos. Os textos carregados de aventuras conjugadas são substituídos pelas linhas em branco dos versos não declamados, reticências dos poemas ditos sem excitação, infertilidade das narrativas desprovidas de comoção e saturadas de mágoa.

Pouco a pouco o hiato que separa cada parágrafo consome a maior parte da página e o romance segue agonizando por falta de métrica. A medida que a distância se agiganta e a realidade desponta cruel cobrando seu preço, o divórcio dos votos sagrados proferidos no berço da paixão se torna inevitável, encerrando a fábula através de um parco e sofrido epílogo, sem direito a bibliografia. Passado o luto pelo futuro projetado em expectativas que não encontraram solo fértil na literatura da existência, é hora de vasculhar com vontade os recônditos da alma em busca do livro pessoal outrora jogado num canto empoeirado do esquecimento. E cada qual retoma as rédeas de seu destino e reassume a autoria de sua própria crônica.

E um, que era a razão de existir da história do outro, deixa de ser o personagem principal nesta nova etapa, para virar, com sorte, uma mera nota de rodapé...

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Amarras...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 24.2.09


Alguns hábitos são tão aconchegantes, que sequer percebemos o preço que nos cobram.
Ali estamos, estagnados, enebriados, sorvendo um pretenso conforto que nos impossibilita de prosseguir em busca de novas paisagens.
Algumas manias estão de tal maneira arraigadas em nossa personalidade, que acabam criando raízes.
Acostumados que estamos com sua presença, somos seduzidos pela falsa promessa de alívio que o conhecido sempre alardeia.
E nos alimentamos de um sentimento viciado, incapaz de se renovar, pois jaz adstrito aos próprios muros que nos servem de proteção.
E até crescemos na medida exata de nossos limites imaginários,
de forma absurdamente precária, tal qual uma árvore frondosa estará condenada a minguar dentro de um minúsculo vaso, sem nunca ter conhecido o gozo da liberdade e a carícia fecunda da mãe terra.

Alguns hábitos são tão aconchegantes, que sequer percebemos que estão nos matando aos poucos.
Nossos olhos se acostumaram com o cenário e tornaram-se incapazes de reconhecer pequenos milagres que despontam diariamente no horizonte.
Nossos ouvidos se habituaram com a melodia cadenciada habitual e seguem imunes as pequenas baladas que a natureza sussurra no silêncio da noite, no cair da chuva ou no reboar do trovão.
Nosso olfato está impregnado com o cheiro pérfido da rotina e inabilitado a aspirar o doce perfume das possibilidades que desabrocham vaidosamente ao primeiro raiar do dia.

Alguns hábitos são tão aconchegantes, que sequer percebemos que não mais nos pertencem.
Já não nos trazem o prazer de outrora, e há muito deixaram para trás sua função de muletas para tornarem-se apenas fardos, que, a medida que o tempo avança, se fazem cada vez mais pesados.
Nossos atos não passam de gestos automáticos, desprovidos de movimento e despidos de qualquer emoção maior.
Nesta hora de reconhecimento, em que olhamos nos olhos de nosso algoz, outrora salvador, a despedida se torna inevitável.
E cortamos as raízes, e seguimos zonzos, com as pernas bambas pelo desuso, o coração atrofiado retomando lentamente o pulsar, sem saber direito para onde seguir e o que fazer com tanta leveza... sentimos que, talvez, até possamos, quem sabe, enfim... voar!

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Parabéns amiga...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 17.2.09


Já me declarei pessoa reservada, e, como tal, construo minhas amizades aos poucos. Prefiro a lentidão dos passos firmes, à rapidez dos tropeços. Alguns amigos em especial, considero como irmãos de coração. É uma afinidade que não comporta explicações... ela exige apenas vivência. Eles não participam fisicamente do meu cotidiano, mas a sua simples existência me supre. Juntos escrevemos muitas páginas do diário da minha existência, sem as quais eu restaria incompleta.

Uma dessas pessoas que me é mais que cara, me acompanha desde os idos de 1994, e o nome dela, Clara, é uma alusão a luminosidade que ela exala por todos os poros. Aliás, verdade seja dita, os olhos são realmente o espelho da alma, e os da minha amiga são de uma beleza e profundidade que dispensam comentários.
A Clara é uma mulher poderosa, que transforma os obstáculos em trampolim, linda de corpo e alma, esposa apaixonada, mãe dedicada, filha companheira, dona-de-casa que mistura os quitutes dos tempos pretéritos com a modernidade da era tecnológica, profissional sempre antenada, e, por incrível que pareça, ainda sobre tempo para ela ser amiga. E não é daquelas amizades que carrega a faixa, mas não sustenta o título: é uma pessoa que procura estar sempre presente, apesar da distância física que nos separa.

Fevereiro é o mês em que minha amiga-irmã celebra o dia de seu nascimento. Tempos atrás descobri o tal do scrapbook digital. Fiquei encantada. Na hora decidi estrear a brincadeira fazendo um cartão de aniversário para a Clarinha. Entretanto, apesar da bela intenção, o dia 08 chegou... e passou como num piscar de olhos. E eu, enrolada que estava com prazos e os afazeres rotineiros, além de não conseguir terminar o cartão, também deixei o dia passar batido. Assim que me toquei da falha imperdoável, resolvi que só iria falar com ela depois que terminasse o mimo. Mas, acabei sendo tragada pelos compromissos profissionais, que me impediram de fazer o básico do básico na minha vida. E o máximo que consegui criar é esta montagem que emoldura esta mensagem, que não chega nem aos pés do cartão que povoa minha imaginação fértil.

A correria do dia-a-dia tem exigido muito. Tenho que me desdobrar em mil para dar conta de todos os setores da minha vida. E, em face da escassez das horas, é justamente a busca pela perfeição que tem me levado a pecar... Deixar passar em brancas nuvens o aniversário de alguém vital na minha vida é uma falta que espero não repetir.
Afinal, neste corre-corre frenético, o que de mais precioso e raro posso oferecer àqueles que amo, é uma fatia do meu tempo.
Confesso, tenho uma predileção por essa data tão especial. Talvez, seja por puro egoísmo. A maioria das datas comemorativas são coletivas. Já o aniversário é personalizado, é um dia num vasto ano de 365, em que os holofotes são lançados sobre você. É a celebração do instante em que você venceu todas as barreiras naturais e disse ao mundo chorando: eu vim para brilhar! Enfim, é a comemoração do exato momento em que Deus presenteou o mundo com a sua presença.

Por isso mesmo amiga, apesar do seu coração bondoso ter relevado mais essa falta, fica aqui o registro do pedido de desculpas, e, claro, meu aprendizado. A partir de hoje vou dar vazão ao meu sentimento, seja através de um cartão perfeitamente emoldurado, seja através de um recado singelo no orkut, ou mesm
o um email sem formatação. Vou me preocupar menos com a forma e mais com o conteúdo. Porque, no fim das contas, seja qual for o formato escolhido, a mensagem é única amiga: sua amizade é uma benção essencial na minha vida. Apesar de não conversarmos tanto quanto gostaríamos, torço e rezo por você diariamente.
Onde quer que esteja Clarinha, sinta-se beijada através da ternura que liga duas almas atadas pelos laços da camaradagem... aperto sua mão através do tempo... abraço você longamente através das lembranças, e selo este encontro com o desejo sincero de que caminhe sempre de encontro a sua felicidade!
Porque você é merecedora de cada uma das suas vitórias...
Feliz existência, amiga!
Obrigada por você me incluir nela...

Obs: Apesar de eu amar o dia do meu aniversário por ser só meuzinho, bem, tenho que confessar que o meu caso é bem peculiar: acreditam que meu irmão inventou de nascer bem no meeeeeeeuuuuu dia? É, somos gêmeos com diferença de 8 anos... Mas, eu não o culpo... Deus pediu para o mano escolher um dia para nascer, daí ele me viu, e pensou: "uau, que pessoa linda, maravilhosa, perfeita e modeeesssssta... quero ser igual...", e tchum, nasceu no dia mais lindo do ano. Affff... chegou perto maninho, chegou perto.. rssss.

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Divagando...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 16.2.09


Sempre fui uma pessoa reservada.
A minha vida, os meus momentos, as minhas lembranças, os meus segredos, são tesouros que guardo a sete chaves.
São essas riquezas peculiares que forjaram a minha personalidade, e guardam em si a minha essência mais pura.
Por isso, gosto de dividir meus devaneios, dores, alegrias, amores, no aconchego de uma convivência moldada a passos lentos, porém firmes. Quando essas recordações saem de minha boca, se misturam com a saliva da emoção e inundam o ar com trechos sagrados da minha existência... Quando saem de outros lábios, são destituídas de movimento, viram palavras estéreis, profanadas, desgarradas do contexto que as torna vital.
Sentimentos não nascem prontos e acabados, são edificados ao longo do tempo, com muita paciência, respeito e dedicação.
Não acredito em amores que ainda não passaram pelo crivo do cotidiano. Os amantes insistem em nadar eternamente na superficialidade da paixão. Não entendem que necessitam afogar a carne para renascer alma.
Não acredito em amizades de balada. Daquelas que dividem a conta, o copo, a carona, mas que não arriscam um olho no olho, por medo de se perder no outro. Conhecem de cor os vícios, mas ignoram os sonhos. Saboreiam juntos o petisco, mas se separam antes do prato principal.
Na construção dos meus relacionamentos, prefiro me prolongar no projeto da fundação e na escolha do cimento, do que me envolver precocemente com o brilho efêmero do acabamento.
Se é para morar no meu coração, pode ser numa choupana, desde que sólida e estruturada,
resistente às intempéries do humor, a aridez da distância, a roda-viva da rotina.
Lindos castelos de areia não mais me seduzem... eles cedem ao primeiro sinal de vento, e a imponência de sua beleza é substituída por um grande vazio.
No terreno do meu coração, há construções abrigando minha família, meus amigos, meu homem... algumas outras foram desocupadas, mas seus alicerces continuam intactos, e isso me basta... outras tantas não resistiram, e renderam-se a efemeridade de seu sustentáculo.
No terreno do meu coração eu planto flores, para que as borboletas possam se aproximar. Eu tiro as ervas-daninhas e as transformo em adubo. Eu cultivo hoje as sementes, para que amanhã os seus frutos possam servir de alimento.
Por isso mesmo, não importa o quanto as tempestades da vida fustiguem esse solo sacro, pois enquanto eu respirar, ele estará livre de todo mal, completamente protegido... pelo meu amor!


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Vai com Deus...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 9.2.09

Estava euzinha na Livraria Catarinense, dando aquele "rolé" básico para ver as novidades, quando paro ao lado de duas amigas vasculhando avidamente a sessão de auto-ajuda (não, eu não estava bisbilhotando na conversa alheia, mas teria que enfiar um tampão no ouvido se não quisesse escutar).
A "Fulana" estava com a carinha visivelmente abalada, e, a cada segundo agradecia a "Sicrana" por sua companhia, compreensão, por ela ter perdido o almoço para confortá-la, blá, blá, blá. Dizia ainda, que sua fé estava sendo renovada, porque ela não parava mais de rezar. Acreditava piamente que Deus iria "consertar" a situação toda.
A "Sicrana", por sua vez, já devia ter lido tudo quanto é livro do gênero, porque começou engatando Roberto Shinyashiki, passou para Deepak Chopra, arranhou um pouco de Louise Hay, e lascou de chofre Yanla Vanzant (uau, não vi essa chegando, até me assustei). E quando achei que minha nova "ídola" tinha terminado, lá vem pinceladas de Paulo Coelho, pitadinhas de Richard Back, e o fechamento com chave de ouro: a recentíssima Elizabeth Gilbert (tá, tá, pra eu saber associar cada frase que ela falou com o autor, confesso, é porque também li toda a sessão, e o que não li já está na minha lista para adquirir ... lembrete: correr e comprar o livro da tal da Gilbert).

Pelo que pude entender no auge da minha intromissão indireta e silenciosa (a esta altura eu já estava com dor no pescoço) o marido da "Fulana", que vamos chamar de "Bofão" (você já vai entender "o porque"... olha, tô sem saco pra ver se é "o por que", "o por quê", "o porque" ou "o porquê"... se preocupa com o conteúdo e esquece a porcaria da gramática), além de ter caído fora do casamento de 25 anos, já estava todo serelepe desfilando com outra pela cidade (homens!!! &%@@*??^ será que nunca ouviram falar em luto??? pelo amor de Deus, era um casamento de 25 anos, não dava para pelo menos FINGIR tristeza por um período curto de tempo? unf!!!!).
Confesso, a cena pitoresca me chamou a atenção, e, manteiga derretida como sou, já estava toda emocionada (tá, tá, metida como sou só faltou ir lá abraçar a "Fulana" e ainda dar uma colher de chá com palavras da Colette Dowling).
Depois de muitas idas e vindas, e citações brilhantes (olha, até comecei a anotar pra dividir com vocês, mas a "Sicrana" falava muito rápido, eu ainda estava anotando o Richard Back e ela já estava no Paulo Coelho... como é que é? por que não decorei? pára né, ou eu prestava a atenção na conversa ou decorava as tiradas... me poupe!), a "Sicrana" não pode conter um gritinho de felicidade (tive que me segurar pra não pular junto):
- "Fulanaaaanaaaa, está aqui, achei.
Este livro vai mudar a sua vida, vai restabelecer sua fé nos homens, vai colar cada caquinho do seu coração estraçalhado, vai fazer ressurgir a mulher maravilhosa que está escondida embaixo de tanta desilusão. Faço questão de te presentear neste exato momento" (nota: por favor, se alguém disser que eu quase caí na tentativa de me espichar para ver o nome do bendito livro mágico, é pura mentira... caaaaaaapaaaaazzzzzz, nego até a morte! mas, cá entre nós... alguém aí tem uma dica de qual livro pode ser????).
Gente, eu juro, já estava a beira das lágrimas, completamente tocada por aquele momento único perdido no meio do cotidiano, quando a "Fulana" me solta essa pérola:
- "Não tem um livrinho mais fininho?".

(...) (essa pausa significa a travada que o meu cérebro deu no momento... sabe quando você escuta mas não acredita?)
(...) (calma, calma... ainda estou em choque)
(...) (tico ainda está caído, mas o teco dá leves sinais de recuperação)
(... Não... tem um... livrinho mais... hã... fi-ni-nho?) (ô teco, será que foi isso que ela falou mesmo? a gente ouviu errado, só pode ser...)
(fiiii-ni-nhooooo...) (vai tico reage caramba, tá começando a me irritar, sempre eu que carrego você nas costas)

Sabe aqueles dias em que você acorda imbuído de um sentimento divino, e quando as pessoas te jogam limão, você devolve uma limonada deliciosamente adocicada? É como se você transcendesse o momento, a pessoa, o ato em si, e olhasse o outro através das máscaras, enxergando a essência, as cicatrizes, os medos, as limitações, os sonhos e as desilusões que estão levando aquele ser em especial, a tomar uma determinada atitude. E quando isso ocorre, o usual julgamento é substituído por compaixão...
Pois é... pensamento lindo, ma-ra-vil-ho-so, mas, bu-huuuu, que peninha, hoje definitivamente não é um desses dias, meu ser está transbordando sentimento, mas pode ter certeza de que não tem nada de "divino" neles...
NÃO TEM UM LIVRINHO MAIS FININHO? (enfim, tico e teco caíram na real)
&%@@*??^

Incrível como o ser humano pula do céu ao inferno numa fração de segundo. As minhas "quase lágrimas emocionadas" viraram pura indignação
(juro, a minha vontade foi de pegar a dita cuja e dar um safanão... &%@@*??^... fazer ela engolir a coleção inteirinha do Augusto Cury... acrescentar um olho roxo e dar motivo para ela ficar com aquela cara de "cachorrinha pidonha"... &%@@*??^).

Caramba, depois as pessoas se questionam porque Deus as abandonou. Como é que Ele vai ajudar, se a criatura não se dá nem ao trabalho de se esforçar? Se até para melhorar quer pegar o caminho mais curto?
Rezar, por si só, não opera milagres. É preciso ação, resolução, andar, cair, correr, levantar... movimento!
Por acaso você vai se jogar de um avião e esperar que Deus aperte o botão que abre o pára-quedas?
Então você vai largar um carro zerinho com as janelas abertas, sem alarme, com a chave na ignição e o documento no banco, e ficar parado a distância rezando para que ninguém o roube? E Deus que se vire?
Deus, por certo, vai abençoar e reconhecer o esforço que você fez para comprar o carro. Mas, faça o favor de colocar alarme, trancar as portas e cuidar melhor do que é seu. Deus nunca falha... mas, fala sério, deixa de preguiça e faz pelo menos a SUA parte.

Afffffffffffffff... fica aqui o desabafo!
Vai com Deus "Fulana", e que o "Você-Sabe-Quem" te carregue.... afinal, ainda não editaram uma versão da bíblia resumida e fininha, né?
Quer saber? Quem estava realmente precisando de apoio e ajuda era o pobre coitado do "Bofão"... ainda bem que ele saiu dessa fria em tempo!

Obs.: Vocês não tem noção do quanto o meu anjo Ariel está tagarelando aqui do meu lado, dizendo que não devo ficar julgando os outros, blá... blá... blá... Depois que a gente dá uma "livrada" e cai pena de tudo que é lado, é porque somos pupilas malcriadas. E, olha lá Ariel... os meus livros não são nada fininhos... Ô linguarudo teimoso... Bom, não tem jeito. Se vocês encontrarem um anjo da guarda com a asinha meio capenga, não se preocupem: é o meu! Ele apenas sentiu o hálito da minha coleção de livros de auto-ajuda mais de perto...

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Palavras...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 7.2.09

Gravei a frase, mas esqueci o nome do filme: as pessoas escrevem aquilo que não conseguem dizer.
Talvez seja uma verdade.
Perdi a conta das vezes em que coloquei minha dor em prosa e verso, rimando com cada aspecto do meu momento.
Outras tantas, derramei alegria em forma de verbo, e inseri esperança no preto e branco do cotidiano, através de adjetivos carregados de vida.
Cansei de colocar o impronunciável nas entrelinhas, de desnudar minha essência na pontuação cuidadosamente exagerada, de contar segredos escondidos no predicado.
Às vezes, você até tenta falar, mas sua boca tem vontade própria, não aceita o comando do seu coração, não transmite com fidelidade o recado, e acaba se perdendo... larga o discurso para fora dos lábios, mas aprisiona todo o sentimento.
Há ainda os momentos em que nem as lágrimas conseguem traduzir os lamentos da alma.
Também não são poucas as horas em que o som certeiro ultrapassa a barreira da garganta, vence a batalha contra os dentes cerrados e ousa sair... mas, é tarde demais, já não há ninguém para ouvi-lo.
Então só resta escrever...
Por que as palavras são fieis companheiras, estão sempre dispostas a preencher o vazio que o avançar do ponteiro do relógio impõe de tempos em tempos.
E mesmo quando são jogadas dentro de um texto desconexo,
podem até se render a fragilidade da sintaxe...
mas jamais perdem o seu real significado!

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Saturno...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 6.2.09

Cena um: Você está trabalhando igual a uma condenada, mal tem tempo para escovar os dentes. O único exercício que tem feito é levantamento de barras... de chocolate. A celulite se mudou para as regiões baixas de mala e cuia e promete brigar na justiça ao menor sinal de despejo. Depilação virou supérflua frente a lista de coisas urgentes a fazer antes do final do mês. Entretanto, alheio ao campo de batalha que virou sua geladeira, seu namorado chega na quarta-feira do amasso, cheio de amor para dar. Começam as preliminares, e você tenta desesperada lembrar se está usando àquela calcinha que está furada bem na pata esquerda do bambi (é do bambi mesmo, era a única que estava disponível). Você procura em vão apagar todas as luzes do quarto, na tentativa de enganar o pobre do bofe (afinal, não é verdade que o que os olhos não vêem o coração não sente?). De repente, ele olha para você com aquele olhar apaixonado e diz: "tira logo a roupa... te quero nua!".
E você pensa enquanto agarra ele com toda força: "Meuuuuu Deusssss obrigada por esse príncipe encantado que está transformando minha vida num conto de fadas...".

Cena dois: Passado algum tempo desde o sufoco que, diga-se de passagem, rendeu vários pontos para seu namorado, você resolve dar um jeito na sua vida, e começa a organizar sua agenda de forma a guardar um tempinho para si. A celulite foi notificada e prepara a mudança; corridas no parque para firmar a gelatina... ops, quer dizer, os "músculos"; alimentação balanceada; sucos; chás; barra de cereal; enfim, a vida começa a surgir novamente no "corpito" até então bem surradinho. Quando você começa a se sentir no ponto, resolve jogar pesado. Inventa uma desculpa para o chefe, sai mais cedo do trabalho na quarta-feira do amasso, e começa uma maratona que espera termine em horas e horas do mais puro deleite. Você está economizando há uns meses sonhando com aquela lingerie ma-ra-vi-lho-sa que se não vai te deixar uma Gisele Bundchen, por certo não vai fazer feio. Quando saca o cartão de crédito para comprá-la, sente o primeiro orgasmo. E aí segue... Mão, pé, depilação, "blondor" para clarear os pelos, esfoliação, auto-bronzeador para deixar marquinha, creme, óleo, perfume, escolha da bijoux perfeita, sandália de salto alto espetacular, uma maquiagem leve mas eficiente, vinho na geladeira, morangos a espreita, velas aromáticas. Ufa! Tudo pronto! Os cinco minutos que separam você da chegada do amado parecem uma eternidade. Ao ouvir a campainha, você praticamente desfila até a porta, e ao fitá-lo, lança mão daquele olhar lânguido que já vinha treinando faz tempo. E então ele entra... yessss... uhuuuuuu. Dá uma olhada básica (sim, eu disse BÁSICA) aprovando o visual, toma o vinho no gargalo, enfia o morango goela abaixo, beija você quase quebrando seus dentes e alguns segundos depois diz com aquele olhar apaixonado: "tira logo a roupa... te quero nua!".
E você pensa enquanto tira a lingerie que te custou 3 dígitos (preciso dizer que junto com ela vai todo o tesão por água abaixo?): "Meuuuuu Deusssss eu sei que joguei pedra na cruz, mas puxa vida, será que mereço esse sapo que está coaxando na poça de lama que está virando a minha vidinha miserável?".

Depois do nocaute, você decide conversar sobre a relação.
Ele diz que não entende as mulheres, pois uma hora elas ficam todas excitadas com uma tirada, e em outro momento, a mesma frase as deixa deprimidas. Por certo elas são de Vênus.
Você, por outro lado, diz que ele é um insensível, e insensível, e insensível. Por certo eles são de Marte.
Fala sério, se eles são de Marte, elas são de Vênus e nós moramos na Terra, é praticamente a recriação da torre de Babel.
Deus, páaaaaara tudo que eu quero descer.
Quero ir é pra Saturno!

Está certo que as mulheres tendem a ser hormonais, mas não é justamente aí que reside a graça de tudo?
Já pensou que tédio você fazer todo dia a mesma coisa, ter as mesmíssimas sensações, as exatas reações.
Se você quer passar no vestibular, tem que ralar no estudo.
Se você quer ser promovido, tem que se dedicar, fazer algo a mais do que os outros que estão disputando a mesma vaga.
Se você quer passar num concurso, tem que estudar...
Tudo na vida que catapulta você para uma posição melhor, seja ela cultural, profissional, espiritual, requer dedicação, esforço, estudo, paciência.
Porque então achamos que não precisamos ter o mesmo empenho num relacionamento?
A maioria das pessoas, tanto homens quanto mulheres, acha que somente a conquista é que demanda "sacrifício"... depois, a relação navega sozinha, sem precisar de maiores manobras. Infelizmente, as estatísticas contrariam essa premissa preguiçosa. Nunca a separação esteve tão em voga...

Homens e mulheres são diferentes. Isso é um ponto pacífico.

Por sua vez, relacionamentos saudáveis são um porto seguro, um lugar de repouso, de reabastecimento de energia, de criação e conquistas, de prazer.
Vale ou não vale a pena o esforço?
A mulher deseja ser lida, entendida, nunca decifrada (isso já é impossível, nem ela mesma é capaz de tal façanha).
E, apesar de parecer algo quase impossível de se alcançar, na realidade, não exige um esforço sobrenatural.

Requer apenas o cuidado de olhar cada momento como se fosse o primeiro... porque na verdade, ele é. É único!
Não interessa se a sua ex-mulher gostava de abóbora e detestava ser chamada de "fofurinha", ou, se o seu ex-namorado odiava "chick movies" e gostava de cafuné na planta do pé. A pessoa que está com você hoje, odeia abóbora, ama de paixão quando você a chama de "fofurinha", só gosta de "chick movies" e sente cócegas nos pés. E sabe o que é pior? Você nem percebe, continua servindo abóbora como prato principal... quatro vezes por semana. Vai negar à sua parceira atual esses prazeres só porque a "ex" te traumatizou? Procura um terapeuta, um exorcista, faz alguma coisa criatura. Decida onde você está. Quem vive no presente reagindo ao passado, não sai do lugar.
Foque-se no momento presente... e só então aja!
Num dia muito inspirado, você enviou flores para o escritório dela, junto com uma lingerie e um bilhete descrevendo as façanhas que a noite prometia. Foi inesquecível. Só porque funcionou uma vez, você vai repetir a dose bem na semana em que a babá que era uma mãe para ela faleceu? Vai? Vai?
Estes tempos você incorporou o James Bond, jogou ela contra a parede e ela amou... aliás, verdade seja dita... ela foi ao delírio. Experimenta repetir a dose quando ela estiver na TPM. Eu aposto que você é quem vai delirar James Bond: pela pancada que irá sentir quando sua cabecinha de vento "encontrar" a parede...
De novo, qual a chave do sucesso?
Foque-se no momento presente... e só então aja!


Deu para entender, ou quer que eu desenhe?
(aprendi essa pérola com a minha cunhada Aninha... rsss).
As pessoas que passaram pela nossa vida deixaram marcas. Essa é uma verdade irrefutável, porque, afinal, os encontros nos modificam... alguns, nos curam, outros, deixam feridas e cicatrizes. Entretanto, a pessoa que hoje está ao nosso lado, nada tem a ver com isso. Cada novo relacionamento que inicia, é uma página em branco, que deve ser colorida da melhor forma possível.
Ontem é história, hoje é uma nova realidade, cheia de variantes diferentes, que estão a exigir uma nova postura.

E, cá entre nós... o homem que entende isso... bem, vai ser tratado como Rei no planeta Vênus. E, por certo, acabará desfrutando do paraíso ainda em vida... aqui mesmo, neste lindo planeta chamado Terra...

Dica de filme: Um filme nacional, delicioso e hilário, que retrata bem essa diferença entre os sexos, é o impagável "Se eu fosse você 2". Acreditem, se você gostou do primeiro, vai simplesmente amaaarrrrr o segundo. Imperdível!





Trailer do filme "Se Eu Fosse Você 2"

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Dúvida cruel...

Posted by Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Sheila Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ on 5.2.09

A vida é realmente uma mãe rigorosa e paradoxal.
Apesar de ensinar, pacientemente, os seus filhos,
não hesita em testá-los avidamente.
Mal acabamos de aprender a lição, e lá vem a prova real.
Mal acabamos de degustar as primeiras mordidas, e somos obrigados a mandar tudo goela abaixo para não sufocarmos.
Mal acabamos de decorar o texto, e já somos obrigados a encená-lo sem TelePrompTer.
Mal acabamos de identificar as peças, e somos obrigados a montar o quebra-cabeças.
Mal acabamos de ensaiar os primeiros passos, e já somos obrigados a correr cem metros com obstáculos.
Aliás, não são poucas às vezes em que somos atropelados pelo instinto maternal do universo.
Só que, na maioria das vezes, nós filhos, imaturos que somos, não sabemos o que ela espera de nós... uma atitude ou paciência?
E quando temos vontade de chutar tudo para o alto, é porque não domamos nossa impaciência, ou porque chegamos no nosso limite máximo de tolerância?
E quando fazemos e refazemos a conta e não obtemos o resultado que nos apontam, é porque nossa conta está errada, ou porque o resultado alheio é que está?
Talvez essa dúvida revele que ainda não aprendemos a lição...
Ou, quem sabe...
Que desta vez, nossa mãe apressada, está exagerando na dose...


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